quinta-feira, 20 de junho de 2013

Amamentação - Um ato de amor entre mãe e filho

Finalmente!!! Depois de longos meses já é possível ter seu bebê em seus braços. A gestação deve ter propiciado momentos para esclarecimento de dúvidas com o médico ginecologista e favorecido a prática do aleitamento materno através de conversas abertas e transmissão de conhecimentos para a mamãe e sua família. 

O profissional de saúde realiza uma sondagem para averiguar o grau de motivação materna para amamentar seu bebê e, diante das evidências, trabalha de forma a mostrar os benefícios desta prática e as condições em que ela pode acontecer. São muitos os fatores que podem atrapalhar o aleitamento, mas estes são anulados se a mamãe quiser de fato amamentar e estiver com a saúde em dia. Retorno ao trabalho, “pouco leite”, fissuras e rachaduras, conformação dos mamilos, bebês com lábio leporino são algumas das dificuldades enfrentadas, mas todas elas têm solução e não há necessidade de facilitar o desmame precoce. Bicos artificiais de qualquer natureza devem ser evitados, principalmente ao sinal de qualquer dificuldade, até que o binômio mãe-filho seja avaliado pelo médico ou consultor em aleitamento materno. 


Importante:

É de extrema relevância que a família ofereça apoio à nutriz, principalmente nos primeiros dias pós-parto, para que esta possa amamentar sobre livre demanda, sem preocupações, e tenha paciência para enfrentar as dificuldades e alcançar o doce prazer de amamentar. 



Benefícios que o ato de amamentar traz

A sucção realizada pelo bebê para extrair o leite materno estimula a produção de hormônios prolactina e ocitocina no cérebro. A prolactina é responsável pela produção láctea e a ocitocina pela ejeção do leite, promovendo a involução uterina. Com isso, o órgão volta mais depressa ao seu tamanho normal. 

O leite materno tem sempre a composição certa para cada fase do desenvolvimento do bebê, alterando-se à medida que a criança cresce. Ele é de fácil digestão, não faz o bebê engordar demais e ajuda a eliminação do mecônio de modo mais rápido. Além disso, previne alergias, doenças respiratórias, diarréias, anemias, desidratação, diabetes mellitus na vida adulta e está sempre na temperatura ideal e estéril, salvo algumas doenças maternas que contra indicam o aleitamento, como o HIV por exemplo. O leite materno contém anticorpos da mãe que passam para o bebê na forma de vacina natural, protegendo-o contra infecções. 
O leite materno é econômico, pode ser transportado para qualquer lugar, a qualquer hora, sem necessidade de levar junto toda a parafernália de material para transporte, esterilização e conservação que uma mamadeira exige. 



O que você saber sobre a amamentação

Nas primeiras 72 horas após o parto, seus seios produzem uma pequena quantidade de uma substância espessa, amarelada e transparente chamada colostro. O colostro é particularmente importante e valioso para o seu bebê, pois é riquíssimo em anticorpos que o protegem contra uma série de infecções, como a respiratória e a intestinal, e possui água e uma grande quantidade de proteínas. Portanto, recomenda-se que seu bebê mame imediatamente após seu nascimento para ser protegido destas infecções e para acostumar-se com a sucção do seio. 

É comum o colostro demorar para aparecer ou o bebê se recusar a mamar nos primeiros contatos com a mãe, especialmente se for prematuro. Apesar da Iniciativa Hospital Amigo da Criança, infelizmente ainda há maternidades que oferecem fórmula infantil após o nascimento para evitar hipoglicemia, o que faz com que ele não tenha fome e disposição para sugar nas horas subseqüentes. Se esta situação persistir, é preciso solicitar avaliação da equipe de saúde antes que a reserva de energia do bebê se esgote. 

Aproximadamente entre o quarto e o quinto dia pós-parto, o seio começa a produzir o leite. A partir daí, quanto mais o bebê mamar, mais leite será produzido pelas glândulas mamárias. O bebê fará uma refeição completa em três fases do leite, em uma mesma mamada: Na primeira fase o leite é mais “aguado”, pois predomina água para a sede, a segunda tem predominância de proteínas para o perfeito crescimento e desenvolvimento, e a terceira o leite é mais encorpado, pois há predominância de gordura para o ganho de peso. 



Recomendações para uma amamentação correta

Amamentar não requer grandes preparativos. Tudo que você precisa fazer antes é lavar as mãos com água e sabonete, manter as condições de higiene do ambiente para preservar o bem-estar da mamãe e do bebê. É importante que seu filho seja amamentado em ambiente tranquilo, onde nem você, nem ele, sejam incomodados. 

A amamentação deve ser feita com você sentada confortavelmente, envolvendo o bebê com seu braço de modo que a cabeça dele fique apoiada na dobra do seu cotovelo. É fundamental que não só a cabeça do bebê fique voltada para a mama, mas também todo o corpo, barriga com barriga, queixo e nariz devem tocar o seio. O bebê deve ser trazido em direção ao mamilo, com a boca bem aberta para que possa abocanhar toda a aréola, deixando o lábio inferior voltado para fora, à medida que é possível ver mais aréola acima do lábio superior, que do inferior, em uma “pega assimétrica”. Considera-se que a “boa pega” é o fator mais importante para prevenir problemas que levam ao desmame precoce. 

Deve-se fazer um rodízio das mamas a cada mamada, para que o bebê possa se beneficiar de todas as fases do leite. Enquanto mama, o reflexo de ocitocina pode fazer com que a nutriz sinta o leite descer pelos ductos e haja vazamento de leite pela mama contrária. 

O ideal é que as mamadas aconteçam sob livre demanda, de 2 em 2 horas ou de 8 a 12 vezes em 24 horas. Não se deve limitar o tempo das mamadas, pois cada recém-nascido tem seu próprio ritmo. Alguns mamam mais rápido, outros mais lentamente, sendo importante avaliar se o bebê está fazendo a sucção de modo suficiente para seu perfeito crescimento e desenvolvimento. 


É comum algumas mamães relatarem que sentem a necessidade de utilizar o dedo indicador para evitar que a mama obstrua a respiração do bebê durante o aleitamento. O que estas nutrizes não sabem é que esta prática pode impedir o fluxo de leite para os mamilos e que, se o posicionamento e a pega estiverem adequadas, o nariz do bebê ficará livre. 

Se o bebê adormecer enquanto mama, é necessário fazer uma manobra para que ele solte o mamilo sem machucá-lo: A mamãe deve colocar o dedo mínimo, devidamente higienizado no cantinho da boca do bebê para que ele movimente a mandíbula e solte o mamilo. Depois de cada mamada, seu bebê deve ser posto de pé contra o ombro para que possa arrotar e eliminar o excesso de gases. Mas se isso não acontecer depois de algum tempo, e ele estiver bem disposto, não é necessário insistir, pois alguns bebês de fato demoram mais para arrotar, ou o fazem sem sons audíveis. 

Após o bebê arrotar, é importante colocá-lo sempre deitado de barriga para cima, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, e não de lado como se pensava. Por mais estranho que pareça, estudos mostram que esta posição oferece mais segurança para o bebê, evitando broncoaspiração por refluxo de leite. 

Deve-se evitar a utilização de sabonetes ou loções para higienizar os mamilos, para que a hidratação natural seja preservada e evite traumas. 



Conselhos

O choro é um sinal tardio de que o bebê está com fome. Construa uma relação com o recém-nascido e aprenda a interpretar seus sinais. Levar a mãozinha à boca, fazer movimentos de sucção, o despertar de um sono profundo, podem ser boas dicas de que é hora de alimentá-lo. Além disso, as mamadas noturnas são importantes e com o tempo serão reguladas pelo próprio bebê. 

Antes de amamentar, verifique se seus mamilos estão macios. Se o mamilo não estiver macio e a aréola estiver esticada, o bebê pode ter dificuldade para abocanhar a aréola e causar rachaduras. Para amaciá-los, é preciso esvaziar com a expressão manual, pressionando a parte de trás da aréola, onde o leite fica armazenado. 

Ao contrário do que muitas mamães pensam, o ingurgitamento mamário é causado pela retenção de leite e não pelo excesso de produção láctea. É normal entre o 3º e 5º dia pós-parto devido à apojadura. Para evitar é preciso tratar esta condição, oferecendo o seio mais vezes e retirando o excesso manualmente ou com bombas, caso o bebê já esteja saciado. Fazer compressas frias após as mamadas vai oferecer um enorme alívio para o desconforto. Além disso, não se deve pular nenhuma mamada, nem mesmo as noturnas, pois pode agravar o quadro. Quanto mais o bebê sugar, mais rápida será a recuperação. 

Se amamentar nos primeiros dias não for tão instintivo quanto deveria ser, tenha paciência e jamais interrompa o aleitamento sem antes consultar um profissional de saúde. Para todo problema há uma solução, e tudo depende do quanto você deseja amamentar seu bebê e oferecer a ele o maior dos presentes: Saúde. 



Não pare de amamentar

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a amamentação é essencial no primeiro ano de vida, mas, de preferência, deve continuar até a criança completar dois anos ou mais. Deve ser exclusiva (sem água, chás, sucos ou qualquer outro alimento que não o leite humano) até o sexto mês e complementada de acordo com orientações do pediatra a partir desta idade. A amamentação é importante em todo este período, para manter a qualidade do vínculo emocional mãe e filho e continuar protegendo a criança de infecções e processos alérgicos. De acordo com os especialistas, as defesas próprias da criança amadurecem aos poucos e com menos traumas se ela continuar a receber, por um bom período, as proteínas, enzimas e anticorpos da mãe. Formando um escudo contra diarréias, alergias, otites e infecções respiratórias, entre outras coisas, o leite materno defende a criança que, assim, reserva energia para combater outros agentes externos aos quais, inevitavelmente, estará exposta em seus primeiros anos de vida. 

Por incrível que pareça, ainda há mulheres que deixam de amamentar seus filhos muito cedo para evitar falatórios, do tipo: "caramba, um garotão desse tamanho ainda mamando!". As mães não devem se incomodar com tal tipo de falatório, nem se envergonhar de amamentar seus filhos quando já crescidinhos. As outras pessoas é que devem lembrar que a amamentação, além de ser muito importante para a saúde e o desenvolvimento da criança, é um ato de amor entre mãe e filho. 


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